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Um senhor procura Dom Bosco para visitar uma doente.
Pergunta o Santo:
— Aquele é um lugar onde pode entrar um padre?
— Trata-se de uma infeliz. Ela está sozinha em casa, diz o senhor.
Dom Bosco foi, tendo entrado no quarto da enferma, viu-a consumida e quase um esqueleto,
que ergueu os braços: Oh! Um padre! Exclama. Deus ainda usa de misericórdia comigo! Pelo
menos poderei salvar a minha alma!
Dava profunda dó, o estado daquela pobrezinha, que contava apenas dezoito anos.
Dom Bosco, pedindo à senhora que a assistia que se retirasse, reanima as esperanças da
enferma na Bondade infinita de Deus, confessou-a. Após a confissão, com sentimentos de
profunda dor, desfazia-se ela em gemido e preces para com Deus.
De quando em quando era tomada de crise convulsiva e então, endireitava os cabelos da cabeça
e amaldiçoava aqueles, que a tinham traído. Enfurecia, especialmente, contra a mulher, que
tinha entrado depois da confissão e que foi instrumento de sua ruína.
— Oh! Celerados! A vingança de Deus deve cair sobre vós!
Vós fostes a causa de todas as minhas desventuras!
Dom Bosco procurava acalmá-la e exortava a perdoar, como Deus a tinha perdoado. A
pobrezinha voltava em si e respondia:
— Sim... perdoo... perdoo de coração. Mas lembro-me do dia em que fugi de casa. Abandonei e
desonrei meus pais. Logo que cheguei aqui, nos primeiros dias, queria voltar para minha mãe e
chorava e vós, falando à mulher, não me deixastes e me segurastes por um braço e agora, por
causa vossa sinto tantos remorsos.
E continua a se queixar.
Finalmente entrou em agonia no quarto, silêncio total. De repente senta-se na cama. Com o
Crucifixo levanta a mão direita e grita:
Oh! Escandalosos! Espero-vos no tribunal! E morre.
São João Bosco mesmo contou o fato que ele presenciou, que chegou a impressionar até os
padres.
Felizes os que nunca deram escândalo na vida e mais felizes ainda os que nunca fizeram outros
escandalizarem...