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02/10/14
MUDANÇA DE RELIGIÃO




                                                        MUDANÇA DE RELIGIÃO

 

 

Apologética Católica com o Padre Júlio Maria de Lombaerde, + 1944
(Retirado do Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis as objeções protestantes".)
 

 

A 20.ª e última objeção protestante do boletim citado seria de uma ingenuidade infantil se não fosse de um ridículo capcioso.

O amigo protestante pede: um texto das Escrituras que prove que um homem deve ser perseguido e amaldiçoado por haver abandonado sua religião em que nasceu, e aceitado a religião de Jesus Cristo.

Aqui haveria muita coisa a distinguir; assinalarei apenas os seguintes pontos:

1º_ Um homem perverso deve ser perseguido e pode ser amaldiçoado: maledicti qui declinant a mandatis tuis (Sl 118, 21).

2º_ Pode-se abandonar a religião em que se nasceu, tendo a certeza de ser errada e a certeza de a outra que se quer abraçar ser a verdadeira. – Revertimini a viis vestris pessimis (4 Rs 17, 13).

3º_ A religião de Jesus Cristo é uma só: Dominus Deus tuus, Deus unus est (Mc 12, 24). Vamos por partes.

 

                  I.   O homem perseguido

 

É uma mania protestante o gritar de ser perseguido, quando não pode espalhar os seus erros ou encontrar qualquer oposição. É mania conhecida; a Bíblia diz muito bem: querem pegar a sombra e perseguem o vento (Ecli 34, 2).

Os protestantes andam atacando, caluniando e blasfemando contra o catolicismo, a Santíssima Virgem, o Papa, os Padres, os Sacramentos e os sinos da Igreja.

Os católicos cruzando os braços, sorrindo e aceitando Bíblias falsificadas, tudo corre bem, mas quando um deles repele os insultos, refuta os erros, diz-lhes meia dúzia de verdades, encolhem-se e gritam que são caluniados, perseguidos e maltratados.

É o ladrão, que, penetrando em casa alheia, é pego em flagrante no roubo, gritando que o dono da casa, que lhe administra umas pauladas nas costas, é um perseguidor, um algoz. Não, senhor, ele é um defensor em legítima defesa de seus bens.

Os católicos estão no mesmo caso. A religião é de paz e de concórdia; mas também é de dignidade, de brio e de firmeza.

Reagir contra o ladrão não é perseguir; é defender-se.

Repelir o caluniador não é perseguir; é restabelecer a verdade perturbada.

Refutar o erro não é perseguir: é manter a verdade, é fazê-la triunfar.

Defender a sua religião contra os ímpios e hereges é um ato de dignidade, de brio e de convicção, como é de brio o fato de defender a sua pátria contra o inimigo invasor.

Os que não ouvirem a Igreja, diz o Salvador, devem ser considerados como gentios ou publicanos (Mt 18, 17). Haverá menos rigor para Sodoma, do que para aqueles que não aproveitam a minha palavra, diz ainda o Mestre (Lc 10, 13).

Podemos, pois, tratar os protestantes como tratamos os gentios, não com ódios, mas com compaixão, e dizer que terríveis castigos esperam a sua revolta contra a Igreja.

Isso não é perseguir: é dizer a verdade. É permitido e é dever mesmo para os católicos opor-se à invasão do protestantismo, repeli-lo como se repele o ladrão, o assassino, o lobo, que se introduz numa casa ou num rebanho.

 

            II.   Mudança de religião

 

Aqui, meu caro protestante, temos um ponto complexo que deve ser bem compreendido. Mudar de religião é um negócio sério! Três casos se apresentam:

 

a) O homem sabe que está no erro: neste caso deve mudar.

b) O homem duvida da sua religião. Neste caso deve consultar.

c) O homem tem a certeza de estar com a verdade: neste caso deve ficar firme e inabalável. Só o segundo caso é aplicável ao ponto em discussão.

O homem duvida da sua religião. Tal dúvida pode ser uma tentação do demônio, como pode ser uma inspiração divina; pode ser também uma falta de instrução.

Mas vejamos de perto. Por que duvida ele? Duvida ele porque encontra em sua religião, certos pontos incompreensíveis, misteriosos? Não há razão, porque a religião, sendo divina, nunca pode ser completamente compreendida pela inteligência humana.

Duvida ele porque há abusos e fraquezas na religião? Não há razão ainda, porque, se a religião é divina, os homens que a praticam não são divinos, e apesar de sua boa vontade, podem conservar ainda abusos e cometer faltas.

Duvida ele porque a sua religião não possui os caracteres da religião verdadeira? Aqui o caso é diferente. A dúvida tem sua razão de ser. É preciso orar, estudar, indagar e refletir. A solução é bastante simples para um homem culto. Basta ele procurar conhecer os sinais distintivos da religião verdadeira.

 

               III.   Os sinais da religião verdadeira

 

É fora de discussão a existência da religião, e que esta religião é uma só: unus Dominus, uma fides, unum baptismaI (Ef 4,3). Um Senhor, uma fé, um batismo, diz o Apóstolo.

Jesus Cristo fundou uma só Igreja: é certo, conforme a Sua própria palavra: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja (Mt 16, 18). Ele chama-a Minha Igreja, para indicar que só ela está fundada sobre Ele e é Dele.

Esta Igreja, para ser conhecida entre as diversas igrejas, tem quatro caracteres próprios, que a distinguem de todas as outras.

Esta Igreja deve ser Una, Santa, Católica e Apostólica.

Isto quer dizer que a Igreja verdadeira deve ser una nos pontos essenciais, na fé, no culto e na constituição hierárquica. Deve ser una em sua doutrina, em seu culto e em muitos de seus membros. Deve ser Católica ou universal, porquanto deve existir em todas as épocas e estar difundida pelo mundo inteiro. Deve ser Apostólica, porque deve ter a sua origem dos apóstolos.

Eis a pedra de toque para descobrir a Igreja verdadeira e distingui-la das seitas humanas. Queira fazer isto, caro crente, ou querendo, façamo-lo juntos.

 

            IV. Uma comparação

 

O protestantismo não é um: é dividido em centenas de seitas, que professam doutrinas diferentes, nem se sujeita a um governo central ou supremo.

O catolicismo é um: na fé, que nunca mudou; no culto, tendo sempre o mesmo Sacrifício e os mesmos Sacramentos; no governo, que é e foi sempre o Sumo Pontífice ou Papa de Roma.

O protestantismo não é santo: em sua doutrina, que é de rancor, de ódio e de calúnia; em seu culto, rejeitando muitas coisas instituídas por Jesus Cristo; em seus membros, desde a sua separação até a presente data.

O catolicismo é santo: em sua doutrina, que nada encerra de absurdo ou de indigno de Deus; no culto, possuindo todos os meios de santificação instituídos por Jesus Cristo (Sacramentos, Missa, festas, etc.); em seus filhos, contando milhares e milhares de virgens, de mártires e de homens santos, mostrando a sua santidade pelos milagres que operam depois da morte.

O protestantismo não é universal, porque não tem existido sempre (nasceu em 1518, fundado por Lutero, padre apóstata) e porque não está espalhado pelo mundo inteiro. São igrejas locais ou nacionais e não universais.

O catolicismo, ao contrário, é verdadeiramente universal:

a) porque existiu sempre;

 b) porque está difundido por todo o mundo.

Ele sozinho tem mais filhos e membros que todas as seitas protestantes englobadamente.

O protestantismo não é apostólico, porque nascera quinze séculos depois da morte dos Apóstolos e, por outro lado, não tem conseguido provar, com milagres, a existência de uma missão extraordinária para pregar.

Quanto ao catolicismo, é genuinamente apostólico:

a) porque tira a sua origem dos Apóstolos, aos quais remonta a história.

b) Porque seus Bispos são legítimos sucessores dos Apóstolos; e em particular o Bispo de Roma, o Papa, é o sucessor de S. Pedro, – primeiro Bispo de Roma.

 

            V. Aplicação

 

Os caracteres aqui citados podem e devem ser conhecidos por todos.

Deus não pode permitir a dúvida em matéria tão grave como é a religião; e tal dúvida não pode existir numa alma sincera, num coração reto.

A religião é divina e por isso não pode ser completamente compreendida por uma inteligência humana; mas nunca pode estar em contradição com esta inteligência humana, pela razão de ser Deus o autor de ambas. A contradição recairia sobre o próprio Deus.

O homem pode e deve perscrutar a religião, estudá-la, conhecê-la o melhor possível. Por meio dos quatro caracteres, qualquer um pode provar a verdade ou o erro da sua religião: está ao alcance de todos. O católico deve fazê-lo, não pela dúvida, mas para dar firmeza à sua fé. O protestante deve fazê-lo, para verificar e compreender o que está errado.

Depois deste exame, o homem pode conscienciosamente abandonar a sua religião, desde que esta não satisfaça aos requisitos. Sem este exame, sem esta verificação o homem não pode abandonar a religião em que nasceu, ou que professa.

O amigo protestante deve ver, pois, que está errado. Sendo protestante, pode aceitar a religião de Jesus Cristo: a religião Católica. O Católico não pode de modo nenhum deixar a sua religião para fazer-se protestante.

E não vale a pena mudar o nome do protestantismo, chamando-o de “religião de Jesus Cristo”. Nunca foi, nunca há de sê-lo!

A religião de Jesus Cristo é uma só: – A Católica; o protestantismo pode ser chamado “religião de Lutero”, nunca “de Jesus Cristo”, com quem não tem outra relação, senão a Bíblia que é comum a ambas, mas cuja interpretação pessoal ou eclesiástica cava um abismo entre ambas.

O protestantismo interpreta a Bíblia a seu talante, contrariamente à Bíblia.

S. Pedro diz que toda a profecia da Escritura não pode ser feita por interpretação própria (2 Ped 1, 20).

O catolicismo escuta a Igreja para esta interpretação, conforme o ensino da Bíblia: o Espírito Santo colocou os Bispos para governar a Igreja de Deus (At 20, 28).

Aquele que não escuta nem a sua consciência, nem a Igreja de Deus, deve ser tratado como um pagão, diz o divino Mestre (Mt 18, 17).

A Igreja Católica não persegue ninguém: ela é de caridade; mas refuta os erros, orando pelos que erram, conforme o conselho de S. Agostinho: interficite errores, diligite errantes.

Convém notar, entretanto, que o amor não é covardia nem traição. O protestantismo é uma heresia composta de seitas humanas, que profanam os mistérios de Deus, o que fazia dizer a Melanchthon, contemplando as águas do Elba: todas estas águas são insuficientes para lavar os grandes males da reforma protestante (Cartas).

Ora, deixando de condenar a heresia, a Igreja Católica não seria tolerante; seria simplesmente traidora de Deus e da sua missão, traidora da verdade. E isto é absolutamente impossível, sendo a Igreja, no dizer de S. Paulo: a coluna e o firmamento da verdade (1 Tim 3, 15).

 

           VI. Conclusão

 

Está vendo, caro amigo, que a sua conclusão é falsa e falsíssima: um homem não deve ser perseguido por abandonar a religião em que nasceu; mas, antes de abandonar uma religião, um homem deve examinar a religião que quer deixar e aquela que pretende abraçar, para ver qual delas satisfaz aos quatro caracteres indicados: una, santa, católica e apostólica.

Achando que a religião em que nasceu possui estes quatro caracteres, não pode mudar, pois está na verdade. Achando que não satisfaz a estes quatro requisitos, pode e deve abandoná-la, para abraçar aquela que os possui, e que só é a religião de Jesus Cristo.

Possa meu amigo crente compreender estas verdades claras e divinas, e adotá-las como regra de vida; é o único desejo daquele que procura refutar os seus erros, mas que ama a sua alma, e anela em salvá-la.

 




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