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28/09/14
A CONFISSÃO__PADRE JULIO MARIA DE LOMBAERDE




           A CONFISSÃO

 

 

Apologética Católica com o Padre Júlio Maria de Lombaerde, + 1944

(Retirado do Livro "Luz nas Trevas - Respostas irrefutáveis as objeções protestantes".)

 

               

           Em 7° lugar, o crente pede um texto, que prove que os Padres podem perdoar os pecados.

           Pois não; seguem-se aqui textos; porém espero que o amigo crente, há de citar-me também um texto que prove que os Padres não podem perdoar os pecados, um só... É pouca exigência, não é?...

          Certo de que o tal texto nunca será apresentado, eu vou já satisfazer o meu crente, e até além de seu pedido.

 

          I.        O que é a Confissão

       

        É um Sacramento instituído por Jesus Cristo no qual o Sacerdote, em nome de Deus, perdoa os pecados cometidos depois do Batismo.

        Qualquer criança de catecismo sabe isso de cor.

        Eis a asserção; escute agora as provas. Diga lá: Os homens precisam ou não precisam de perdão?... Isto é: os homens pecam ou não pecam? O Espírito Santo responde por todos, até pelos biblistas. O justo cai sete vezes por dia (Prov 24,16). E se o próprio justo cai sete vezes, que será do pobre que não é justo?          

        Não há homem que não peque (Ecle 7,21). E aquele que diz que não tem pecado, diz S. João, faz Deus mentiroso (I Jo 1,10).

        Ora, se todo homem é pecador, e se o pecado não pode entrar no Céu, deve haver um meio de alcançar perdão deste pecado, visto o homem ser destinado ao Céu.

        Nesta porta do Senhor, só o justo pode entrar (Sl 117,20). Não sabeis que os pecadores não possuirão o reino de Deus? (I Cor 6,9).

 

         II.      Sua necessidade

               

         E qual é este meio? É a Confissão, nos diz S. João. Se confessarmos os nossos pecados, diz o apóstolo, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e purificar-nos de toda injustiça (I Jo 1,8).

         Examine isso, amigo crente, se o texto figura em sua Bíblia.

         O Espírito Santo O tinha dito já muito antes do Apóstolo: Aquele que esconde seus crimes não será purificado; aquele, ao contrário, que se confessar e deixar seus crimes, alcançará a misericórdia (Prov 28,13). Não vos demoreis no erro dos ímpios, diz ainda o Espírito Santo, mas confessai-vos antes de morrer (Ecli 17,26).

          Eis a necessidade de Confissão para todos os homens, antes de Jesus Cristo, como depois. De fato mostrarei que a Confissão não é propriamente uma criação nova feita por Jesus Cristo, mas, que existindo já no Antigo Testamento, foi por Ele elevada à dignidade de Sacramento. Modificou-a, sem dúvida, porém já havia entre os judeus uma coisa que muito se lhe assemelhava.

          Jesus Cristo, conhecendo a fraqueza humana e querendo salvar Seus filhos, instituiu este grande Sacramento de misericórdia.

          Escute bem, caro crente, e além dos textos do bom-senso, verifique bem os textos das Escrituras, que são claros e positivos. Vou provar-lhe aqui duas coisas:

 

         1° Que Cristo podia perdoar os pecados;

         2° Que Ele comunicou este mesmo poder aos apóstolos, que eram os primeiros Padres.

 

         III.    Cristo pode perdoar pecados

 

        Diz S. Mateus (9, 2-7): Jesus curou um homem paralítico e lhe disse: tem confiança – os teus pecados te são perdoados. Dizem os Judeus: Este blasfema. Jesus responde que faz este milagre para que saibam que: O Filho do Homem tem, na terra, o poder de perdoar os pecados (Mt 9,6). E a multidão, vendo isto, maravilhou-se e glorificou a Deus que dava tal poder aos homens (Mt 9,8). Que quer dizer isto, amigo biblista?

        Agora um pouco de reflexão sobre o texto inspirado no Evangelho. Jesus Cristo faz aqui um milagre para provar que, como homem, pode perdoar os pecados, por isso Ele diz: O Filho do homem tem, na terra, o poder de perdoar os pecados (Mt 9,6). E o povo glorifica a Deus, que deu tal poder aos homens (Mt 9,8). Eis uma prova de que Jesus Cristo, mesmo como homem, havia recebido este poder de Seu Pai.

 

        IV.   Comunicou este poder

 

        E como comunicou Ele este poder aos Seus apóstolos? Escute bem, porque aqui está a força do argumento Católico e a ruína da negação protestante.

        No dia da Sua ressurreição, como para significar que a Confissão é uma espécie de ressurreição espiritual do pecador, apareceu no meio dos apóstolos... e, mostrando-lhes as Suas mãos e Seu lado..., lhes disse: A paz seja convosco. Assim como Meu Pai Me enviou, Eu vos envio a vós (Jo 21,21).

        Ora, Jesus Cristo, como homem, tinha, como acabo de mostrá-lo, recebido de Seu Pai o poder de perdoar os pecados; logo, Ele deu este poder aos seus apóstolos.

        Note bem cada palavra deste texto, pois Cristo sabia falar e compreendia a significação de cada palavra. Ele diz: Assim como Meu Pai Me enviou, isto é, com o poder de perdoar os pecados, assim Eu vos envio a vós, isto é, Eu vos envio dotados do mesmo poder, fazendo o que fiz, perdoando os pecados, como Eu os perdoei. Pode ser mais claro e mais positivo?

        E, para dissipar a última possibilidade de dúvida ou de sofisma, Cristo continua, soprando sobre eles (Jo 21, 22): Recebei o Espírito Santo... como se dissesse: Recebei um poder divino... só Deus pode perdoar pecados: pois bem... Recebei este poder divino (Jo 21,22). Àquele a quem perdoares os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos (Jo 21,23). Pode isso ser mais claro? Impossível! Veja o mesmo texto em S. Mateus (18,18).

        A conclusão é rigorosa: Cristo podia perdoar os pecados. Ele comunicou este poder aos apóstolos e por eles aos sucessores dos apóstolos; pois a Igreja é uma sociedade que deve durar até ao fim do mundo (Mt 28,20).

        Se Cristo deu aos Sacerdotes o poder de perdoar os pecados, impôs aos fiéis o dever de confessar estes pecados, porque poderdever são correlativos. Todo poder impõe um dever, e não pode haver poder numa pessoa sem que exista um dever numa outra pessoa. Eis a instituição divina da Confissão provada por muitos textos e com uma lógica irrefutável.

        Só um cego para não ver e protestante obcecado para não compreender. Para que serve então a Bíblia, se os textos mais claros não são compreendidos? Só sendo castigo de Deus!... Têm olhos e não enxergam, diz o salmista: têm ouvidos e não ouvem (Sl 113, 5-6).

 

         V.     No Antigo Testamento

 

        Sendo este assunto de inigualável importância e sendo contra ele que os protestantes costumam dirigir suas baterias de ódio, não será inútil entrar em mais alguns pormenores deste grande Sacramento da misericórdia divina.

        Quero mostrar-lhe, caro crente, que o Senhor nem sabe ler sua Bíblia, nem compreender os seus ensinamentos. Não somente a Confissão existe como Sacramento, instituído por Jesus Cristo, mas já existia uma espécie de Confissão no Antigo Testamento, de que a Bíblia fala em muitos lugares. Escute bem, sim? E verifique os textos.

        Eis um texto dos Números I (5, 6-7): Quando um homem ou uma mulher tiver cometido um dos pecados mais comuns à humanidade, ou por negligência tiver violado os mandamentos do Senhor, confessará os pecados, restituirá àquele contra quem pecou a justa indenização do mal que lhe tiver causado, juntando-lhe a quinta parte.

        Aí está não só a Confissão, mas ainda a Penitência  e a restituição, absolutamente como faz a Igreja Católica. Este Moisés era bem pouco protestante, não acha, amigo crente? Já prescrevia a Confissão, antes da vinda de Cristo... é por isso que Jesus  disse que não vinha destruir a lei, mas cumpri-la, e que S. Mateus diz que os profetas e a lei, até João, profetizaram (Mt 11,13). Eis, pois, a profecia da nossa Confissão e a resposta, ou condenação antecipada da negação protestante. Há muitos outros textos deste gênero, porém seria fastidioso prolongá-los (p. ex.: Prov 28,13; Ecli 6,24).

        No tempo da vinda de Jesus existia essa prática da Confissão, como se pode ver na pregação de João Batista, onde é dito que todos vinham ter com ele, da região da Judéia e de Jerusalém, confessavam os seus pecados e ele os batizava no rio Jordão (Mt 3, 5-6). Que bomba para os batistas, que imitam tão pouco seu modelo!... Vê-se que S. João Batista não tinha nada de protestante, nem de batista!... Não somente S. Mateus (3,6) e S. Marcos (1,5) mostram a Confissão usada entre os judeus, mas o livro dos Atos refere que quem se convertia vinha fazer a Confissão das suas culpas (At 19,18).

        Daquela época até hoje, a história atesta que sempre a Confissão foi praticada pelos cristãos: imperadores, reis, bispos, sacerdotes, assim como pelos simples fiéis dos quais citam os confessores.

 

        VI.   Confessar-se a Deus

 

        E não objetem os cegos protestantes, no afã inglório de fabricar objeções, que tal Confissão consistia em confessar os pecados a Deus. É preciso ser cego para não ver o absurdo de tal subterfúgio.

        Pensariam eles que um criminoso prestes a ser executado faria realmente uma Confissão, se se contentasse de confessar os seus pecados a Deus, no coração? Não. Cada execução que se tem efetuado, tem provado justamente o contrário.

        A Confissão é a revelação do pecado a um homem. Para que confessar seus pecados a Deus? Deus conhece todas as coisas e não tem que fazer com tal Confissão. Além disso, vê-se no texto dos Números que a Confissão devia ser feita a um homem, como a restituição da coisa tomada.

        Aliás, S. Tiago é explícito a esse respeito: Confessai os vossos pecados uns aos outros, diz ele, e orai uns pelos outros, a fim de que sejais salvos (Tgo, 5,16). Uns aos outros! Isto é: confessai os vossos pecados a um homem, que tenha recebido o poder de perdoá-los.

        S. Tiago fala aqui na Confissão dos pecados, pública ou particular, porque tanto uma como outra é suficiente, e da confissão feita aos Sacerdotes, que são os únicos que tem o poder de absolver. De que serviria, com efeito, confessar pecados íntimos ao público, que não os pode absolver, e ficaria escandalizado?

        Além disto, quem quereria confessar os seus pecados àqueles que poderiam divulgá-los e fazer perder a boa reputação? Os protestantes gritam contra a Confissão auricular, isto é, particular, feita na intimidade. Sendo só isso, fiquem sossegados, pois, se a Confissão auricular é suficiente, não é exigida e é permitido fazer a Confissão pública... até na praça pública, se quiserem: basta o Sacerdote estar presente para absolver. Deus não exige isso, pois em parte alguma figura a palavra Confissão pública; porém, querendo fazer mais do que a lei ordena, é permitido...

 

         VII.    A declaração dos pecados

 

        Agora mais um pequeno raciocínio sobre os muitos textos já citados, meu caro crente. Está, pois, bem provado que o Padre pode perdoar os pecados; nada mais claro: Aquele a quem perdoardes os pecados, serão perdoados (Jo 20,13).

        Convém notar que ninguém pode perdoar sem saber o que perdoa. Não é assim? O Sacerdote é um juiz que deve decidir quais são os pecados que devem ser absolvidos. Ora, um juiz não pode pronunciar uma decisão sem ter conhecimento da causa. É, pois, necessário o pecador declarar seus pecados ao Sacerdote. A conclusão é inevitável.

        E não dizer – como certos crentes fazem – que o Padre não é juiz, mas declara apenas que os pecados são perdoados. Não! O poder, que Jesus Cristo deu aos apóstolos, é o poder de ligar e de desligar e não o poder de declarar que o penitente está ligado ou desligado. Cristo disse, antes de comunicar este poder: Eu vos darei as chaves do reino do Céu (Mt 16,19). Ora, as chaves são dadas para abrir e fechar a porta, e não para declarar que a porta está aberta ou fechada.

        S. Agostinho diz muito a propósito: Peço diante de Deus, que conhece o meu coração e me perdoará. Jesus Cristo teria dito, então, sem razão: o que desligardes na terra será desligado no céu? Foram então as chaves dadas à Igreja, sem algum fim? (Rom 10,49 t. 10).

 

        VIII.     Conclusão

 

        Eis, caros protestantes, provado pelo bom-senso e pela Bíblia que a Confissão não é invenção dos Padres, mas uma instituição verdadeiramente divina.

        Instituição figurada e praticada no Antigo Testamento, e elevada por Jesus Cristo à dignidade de Sacramento da nova lei. O Antigo Testamento era figura da realidade instituída por Cristo. Examinai, pois, as escrituras, amigos, e sabereis compreender o que elas ensinam e prescrevem: A letra mata, o espírito vivifica(2 Cor 3,6). É preciso não somente ler, mas compreender a Bíblia, do contrário, não passam de simples papagaios ou araras.

        A Igreja Católica não receia a luz, nem o estudo, só receia a ignorância.

 




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