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Nossa Igreja
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21/10/12
MISSA EM TRÊS ATOS




 A SANTA MISSA

Recebi recentemente o vídeo de uma palestra de Dom Fulton Sheen, um bispo americano já falecido, do qual corre processo de beatificação. Nesta palestra feita em uma Santa Missa para os jovens, ele explica de uma forma nunca vista o que é a Santa Missa, usando de exemplos muito interessantes. O desejo dele é fazer compreender aos jovens o real sentido e o grande mistério da Santa Missa, que de fato É Jesus Vivo, porque somente quem conhece uma coisa muito bem, a pode amar com profundidade. Este é exatamente o problema de 99% dos católicos, ainda que se tenham passado 2000 anos desde Jesus. É impressionante como o demônio age para cegar, tanto aos nossos sacerdotes que não sabem o que celebram, quanto aos leigos que não A amam, porque totalmente a desconhecem. Isso tudo, quando ali está nossa força, nosso escudo e nossa vida verdadeira. Em Deus!


Vamos às suas palavras!


Hoje vou lhes falar sobre a Santa Missa. Se possível fazendo com que vocês a compreendam melhor.

Eu sei que há jovens presentes nesta igreja que já disseram: “Eu não quero ir para a Missa, não quero ir para a igreja, porque eu não ganho nada com isso!” Vocês sabem por que... Porque vocês não trazem nada para a Missa! Alguns de vocês, meninos, por exemplo!... Eu tenho certeza de que sua mãe não tem o menor interesse por futebol. Então vocês dizem: venha cá, mamãe, veja que jogo sensacional! Mas ela não vê nada demais no jogo, porque ela não sabe nada de futebol. Pensem nas pessoas que jamais iriam a uma ópera: elas ficam entediadas porque não possuem nenhum conhecimento de música. Imaginemos que de repente vocês se veem em Atenas, no Monte Areópago.  Vocês iriam entender a situação?  Será que vocês pensariam: Ah, foi aqui que Sócrates apresentou a sua defesa, e que São Paulo proferiu aquele notável discurso aos senadores de Atenas? Vocês teriam que ter algum conhecimento sobre a Grécia para poder compreendê-la! Então, é claro que vocês não vão ganhar nada com a Missa! Porque vocês não fazem nenhum esforço para entendê-la!

É muito simples: a Missa significa você alcançar o Calvário, segurando, com suas mãos, a Cruz de Cristo, com Ele pregado nela, e ficá-la aqui, hoje! Toda vez que a Missa é celebrada, nós tomamos a Cruz e a fincamos em Nairóbi, ou em Tóquio! Nós a fincamos em Nova York, ou nesta cidade! A Missa é isso! É a continuação do Calvário. E para tomar parte nela vocês têm que trazer pequenas cruzes. Nosso Senhor disse: todos os dias, tome a sua cruz e Me siga! Todos nós temos uma cruz! Por exemplo, vocês estudantes têm a cruz da ortografia, da matemática ou da obediência, quando sua mãe manda vocês lavarem os pratos. São pequenas cruzes. Os mais velhos têm a sua própria cruz. E nós trazemos todas as nossas cruzes para cá, e as fincamos ao lado da grande Cruz de Cristo. Nós juntamos todas, diante d´Ele. Este é o sentido da Missa!

Ela tem três atos, como uma grande peça. Vocês sabem, nos séculos IV ou V antes de Cristo, havia um notável teatro, porque foi o período de ouro do teatro. A peça encenada comovia os corações e purificava as almas. Segundo os sábios da Grécia, esta era a finalidade do teatro. Mas a peça era encenada apenas uma única vez. Se você estivesse no teatro, e se sentisse melhor por causa da peça, certamente diria que pena! Todo mundo deveria ver esta peça! Como tornar isso possível? Uma maneira seria criando companhias de teatro. Novos atores, as mesmas falas, a mesma cena. Mas com a encenação em diferentes palcos do mundo.

Agora apliquemos este exemplo à morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Este drama real foi encenado apenas uma única vez! Mas durante a ceia Nosso Senhor disse: eu vou preparar este drama, para que seja representado em todo mundo e assim as almas e os corações sejam purificados. Então Ele estabeleceu companhias itinerantes, e disse aos seus apóstolos e sacerdotes: façam isso! Repitam sempre! A mesma fala, o mesmo propósito, somente os palcos são diferentes.

Agora vamos acompanhar os três atos do drama: no primeiro ato, você se oferece a Cristo! Primeiro ato! Segundo ato, você morre! Você morre com Ele! Terceiro ato, porque morreu com Cristo, você agora tem uma nova vida! No primeiro ato, quando você oferece a si mesmo, temos o Ofertório. No segundo ato, quando se dá sua morte com Cristo, temos a Consagração! E no terceiro ato, quando você se abre para uma nova vida, temos a Comunhão! Vou repetir: no primeiro ato você se oferece a si mesmo. Você se aproxima de Cristo e diz: eu quero ser um só contigo, na tua grande obra da redenção! Quando uma Missa começa o Senhor olha do céu e diz: Eu não posso morrer novamente com o corpo que Eu recebi de Maria! Este corpo foi glorificado! Mas vocês, Pedro, Paulo, Maria, Ana, vocês Me dariam a sua natureza humana? Ofereçam-se a Mim e Eu morrerei novamente em vocês! E permitam que Eu os faça passar pelos mesmos estágios da vida que Eu passei.

Como vocês se ofereceram ao Senhor? Não apenas estando presentes, não só desta forma. Mas usando os símbolos do pão e do vinho. Assim, quando o pão e o vinho são levados ao altar, é você que está sendo levado ao altar. Por que Nosso Senhor diz: tragam o pão e o vinho? Em primeiro lugar, porque o pão e o vinho são substâncias que melhor simbolizam a unidade. Assim como o pão é feito de uma grande quantidade de grãos de trigo, o vinho é feito de muitas uvas. Então também nós, sendo muitos, somos um com Cristo, na alma e no coração. Além disso, quando levamos o pão e o vinho, substâncias que ao longo da história têm alimentado a humanidade, quando levamos aquilo que nos dá a vida, estamos levando a nós mesmos. E também estamos levando parte da Criação, estamos tomando alguns elementos da natureza, o pão e o vinho e dizendo para Deus: Isto será inteiramente Teu!

Um dia haverá um Novo Céu e uma Nova Terra!  Toda a criação será submetida a Ti! Este é o primeiro fruto da entrega de toda a Criação a Cristo. Assim, no Ofertório vocês se fazem presentes no altar. Vocês estão na patena e também no cálice, sob a forma de pão e vinho. Este é o símbolo! Na verdade a coleta é feita no Ofertório para simbolizar os sacrifícios que vocês fazem de si mesmos. A coleta nos prepara para a Comunhão e ajuda a realizar o Sacrifício. Se eu estivesse fazendo a coleta, usaria este argumento. Apenas quero dizer que agora vocês estão no altar. É o fim do primeiro ato.

Agora passemos ao segundo ato. Vocês morrem! Vocês são crucificados! Nós não podemos viver para Cristo senão morrendo para nossa natureza inferior. Agora Nosso Senhor está representando a Sua morte, na Consagração. E como vocês estão junto d´Ele, também vão morrer com Ele. Agora vou explicar como! Como nós representamos a morte de Cristo na Consagração? Pensem um pouco! Como foi a morte de Nosso Senhor na Cruz? Com a separação do sangue do Seu corpo! O sangue corria abundante, escorria das mãos, esquerda e direita, escorria dos pés, fluía do coração. E a última gota de sangue saiu de seu corpo, quando Lhe perfuraram o coração. E assim deixaram o corpo de Nosso Senhor praticamente sem sangue, e Ele veio a morrer por causa desta separação violenta, a separação entre o corpo e o sangue. Pois como diz o Antigo Testamento, a vida está no sangue.

Ora, quando reencenamos esta morte, nós consagramos separadamente o pão e o vinho. O sacerdote não diz: este é meu corpo, e meu sangue! Isso já seria a vida! Mas primeiro ele diz: este É o meu corpo! E em seguida erguendo o cálice: este É o meu sangue! Esta consagração, primeiro do pão, depois do vinho, é como uma ruptura, que separa violentamente do corpo o sangue. Foi assim que morreu Nosso Senhor na Cruz. Assim a Consagração é a reencenação ritual da morte de Cristo. Mas vocês estão com Ele. Por isso vocês têm que morrer com Ele. Morrer para o que há de mal, morrer para o orgulho, a luxúria, a inveja, a gula, a preguiça, a ira e a avareza. Por isso vocês têm de dizer as palavras da Consagração em seu sentido figurado. Nós já sabemos o sentido literal destas palavras: Este é o corpo de Cristo! Este é o sangue de Cristo.

Porém há um sentido figurado; na consagração vocês devem dizer como todo sacerdote diz.  Quando eu consagro o pão e o vinho eu tenho não apenas a intenção de tornar presentes o corpo e o sangue de Cristo, mas digo a mim mesmo como vocês devem dizer: este é o meu corpo, este é o meu sangue! Não me importam as circunstâncias da vida, os deveres, as diversões, as responsabilidades, tudo isso é passageiro. Aceitemo-las como são! Mas o que sou? Essencialmente, corpo e alma, intelecto e vontade, sou Teu, Senhor! Aqui está todo o meu ser! Eu morro contigo! A Consagração é isto! Vocês morrem com Cristo! Mas acontece que ninguém jamais morre por Cristo, sem que receba uma vida nova.

Chegamos agora ao terceiro ato: a Comunhão! Aqui temos um dos mistérios mais bonitos da Comunhão! Para compreendê-lo peço que vocês observem a natureza. Durante a primavera, se a luz do sol, os fosfatos, o carbono e a terra pudessem falar eles diriam às plantas: se vocês não me comerem, vocês não terão vida! Se as plantas pudessem falar, a relva e os prados, elas diriam aos animais: se vocês não me comerem, vocês não terão vida! E se as plantas e os animais pudessem falar, eles nos diriam: se vocês não nos comerem, vocês não terão vida! E na Comunhão, Cristo nos diz: se vocês não me comerem, vocês não terão vida. A lei da transformação se impõe:  As substâncias químicas transformam-se em plantas, estas se transformam em animais, os animais se transformam no homem e o homem se transforma em Cristo. Agora, portanto, Cristo vive em nós! É um momento de puro amor, quando morremos para nossa natureza inferior, para vivermos a vida do espirito.

E esta nova vida, como o casamento, se baseia em três coisas: o amador, o amado, e o amor! O marido doa-se à esposa; a esposa doa-se ao marido, e quando o amador sucumbe ao amor do amado, ocorre o êxtase do amor. O que a união dos esposos é para o casamento, assim a Comunhão é para o espírito: a união de nossa alma em Cristo – o amador e o amado – produz o êxtase do amor. Este é o terceiro ato! Mas há outro aspecto que vou comentar rapidamente, por uma questão de tempo, e que normalmente é esquecido. No curso de teologia, quase não se menciona, mas as Escrituras mencionam com frequência. É o fato de que quando recebemos a comunhão, temos de assumir a morte de Cristo em nossas vidas. Temos de nos negar a nós mesmos, para que a vida em Cristo possa florescer.

Vejam como a natureza mostra essa realidade. Se a relva, os lírios e as rosas pudessem falar, diriam ao ar, à luz do sol e aos demais elementos químicos: vocês gostariam de viver em mim? Eu sou uma planta viva e vocês são apenas minerais, mas vocês não podem viver em mim, como estão. Vocês terão que mudar! É só morrendo para si mesmas que poderão viver em mim. Os animais, se pudessem falar, diriam à relva:  grama, você não pode ver, não pode sentir o gosto, nem pode se locomover, não pode mudar-se, mas eu posso! O meu reino é superior ao seu! Gostaria de viver no meu reino? Mas não da forma como está! Você tem que ser arrancada da terra pelas garras da morte, só então poderá viver no meu reino. E nós, o que dizemos aos animais? Vocês não podem pensar, não podem observar os céus... A minha vida é superior. Gostariam de viver em mim? Então se deixem sacrificar, deem seu próprio sangue, do contrário não poderão viver no meu reino.

Por isso Nosso Senhor nos disse: se vocês não tomarem a sua cruz todos os dias e Me seguirem, vocês não poderão ser meus discípulos. A Comunhão, portanto, não é apenas receber a vida em Cristo, como já expliquei. Agora falando em linguagem biológica: o primeiro processo que eu descrevi foi o anabolismo (quando os elementos químicos se unem para formar um ser vivo); já o Sacrifício corresponde ao processo catabólico (quando um ser vivo morre, para voltar aos elementos). Em São Paulo encontramos o segundo elemento da Comunhão! Ele disse: todas as vezes que comerem deste pão e beberem deste cálice, anunciam a morte do Senhor, até que Ele venha.

Aqui termina o vídeo, não sei se a homilia.


Segue comentário meu...

Continuando porque ficou incompleta a última colocação de São Paulo, que está em I Coríntios 12, 26 Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha. 27 Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. 28 Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. 29 Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. 30 Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos. 31 Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.

Refiro-me ao fato de que a verdadeira Comunhão Santificante é aquela feita em estado de graça, tendo a alma purificada pela confissão sacramental. Quando a pessoa se aproxima do Corpo e do Sangue de Jesus, alimento de Vida Eterna, deve antes se examinar profundamente, e não comungar se estiver em pecado grave, e no caso de faltas leves, sempre fazer um bom ato de contrição, muito embora a Santa Missa perdoe faltas leves, desde que haja a reta intenção do penitente, e a devida compunção interior. Deve haver, sempre, antes, o arrependimento sincero.

Assim, se continuássemos com o exemplo de Dom Fulton, usando dos animais e das plantas, teríamos então uma plantinha venenosa, que pela boca de satanás se apresentasse ao animal dizendo esta mentira: me come que te fará bem! E viria a morte, porque a planta era venenosa! Este é o chamado sacrilégio, um pecado cumulativo, que pode levar uma alma à perdição eterna, caso ela tenha consciência do pecado grave - o veneno - e mesmo assim se alimente. É sobre isso que São Paulo nos alerta!

Enfim, São Paulo diz ainda que, é exatamente pelo fato de que as pessoas se alimentam indignamente da Sagrada Eucaristia - Corpo e Sangue de Jesus - que existem pessoas fracas e doentes, não só do corpo como da alma. Isso porque, se o alimento é Santo, e se o Comungante é santo, não há como entrar a doença naquele corpo. Isso porque Jesus é alimento de vida e de vida eterna. Se todos os católicos recebessem Jesus em estado de graça, não haveria doentes em nosso meio, e esta seria uma prova extraordinária de nossa Igreja. Mas por culpa do pecado de alguns, então todos acabam sofrendo, porque os justos acabam tendo que auxiliar na salvação dos infiéis.

Deste modo, cada passo, cada gesto, cada movimento, cada palavra que o Sacerdote - na pessoa de Cristo - faz ou profere durante a celebração da Santa Missa, contempla os mesmos passos de Jesus, desde o momento da Ceia, até a morte na Cruz. Eis porque o sacerdote é proibido de inventar durante a Santa Missa, ou inverter partes e suprimir outras, ou ainda mudar as palavras da Consagração sob pena de anular os efeitos benéficos deste Sacrifício de onde brota nossa vida e redenção. Infelizmente, embora todos os documentos do Santo Padre, ainda assim não só sacerdotes desvirtuam tudo, como leigos insistem em bater palmas, agitar braços e até dançar, mal sabendo que com isso fazem o mesmo gesto daqueles que um dia gritaram diante do patíbulo: crucifica-O!

O mesmo se diz dos instrumentos gritantes, dos cantos impróprios, das homilias políticas ou totalmente fora do contexto das leituras e dos Evangelhos, dos abraços e cumprimentos festivos, do uso do pão comum na consagração, e até mesmo das modas indecentes dos que participam vulgarmente deste grande Mistério da nossa fé. Tudo isso, simplesmente volta para aquela palavra inicial de Dom Fulton: não amam, porque desconhecem, sem valor, seu sentido, e a importância capital da Eucaristia vivida em graça e santidade, como cominho único de se chegar à vida eterna.

De fato, Jesus foi bem claro em João 6, 53 Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57 Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.

Só tem garantia de salvação eterna, aquele que se alimenta dignamente do Corpo e do Sangue de Jesus. Daí se tira que, não somente quem não se alimenta da Eucaristia não tem a garantia de salvação, como simplesmente não entra na Vida Eterna. De fato, somente quem se alimenta da Eucaristia pode participar da divindade, pode entrar na vida em Deus. Sem esta fortaleza, a frágil alma humana simplesmente não consegue ver Deus. Isso nos já apontamos no livro A Saga das Almas, e deixamos para os teólogos. Mas se os protestantes que morreram pudessem voltar e explicar o que lhes acontece, certamente ensinariam os doutores o que significa a palavra de Jesus: quem não como a Minha Carne, nem bebe o Meu Sangue, Não terá a vida eterna.

Aproveitemos enquanto nos é dado receber Jesus. Em breve este Alimento faltará para muitos! (Aarão)



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